Portugal tem vivido nas últimas décadas tempos de mudança. Essa mudança geral foi recentemente caracterizada, num programa da RTP, como uma passagem da sociedade fechada à sociedade aberta, conceitos que Karl Popper retomou de Henri Bergson para elaborar a sua filosofia política liberal.
Uma mudança que não foi mencionada e que é bem conhecida pelos cibernautas dedicados à busca de sexo online diz respeito aos jovens. A psicologia evolutiva descobriu que os homens preferem parceira(o)s mais jovens do que as mulheres, independentemente da orientação sexual. Os nossos estudos interactivos confirmam a existência dessa diferença sexual numa amostra portuguesa, mas revelam outro facto. Apesar dos homens portugueses preferirem parceir(a)os mais novos do que eles, começam a evitar a companhia dos jovens, alegando que não os suportam. Muitos chegaram ao ponto de não os quererem para encontros casuais. Começam a não ser desejados como parceiro(a)s sexuais, devido à sua «cabeça vazia».
Passando do plano da sexualidade para o da formação cultural, verificamos que os jovens estão efectivamente anestesiados e seduzidos pela ilusão da manada. Comportam-se como gado doméstico: perderam completamente o bom senso, o sentido de estar vivo e o sentido de ser humano. Não sabem viver em sociedade. Passam nas universidades sem deixar vestígios: entram e saem ignorantes, sem qualquer aptidão. Reivindicam mas não têm nada para dar, a não ser comportamentos veladamente agressivos e sintomáticos.
Este assunto é preocupante e não pretendo desanimar, até porque sou optimista. Mas precisamos melhorar urgentemente a qualidade do ensino e da cultura em Portugal. Neste aspecto, passámos de uma sociedade de privilégios para uma sociedade de moléculas conceptualmente anestesiadas que se aglutinam para digerir e, depois, evacuar, num ciclo repetitivo. Aquilo a que chamo frequentemente sociedade metabólica, semelhante a um aviário, que abdica do pensamento, dado não precisar dele para subsistir. Estas criaturas metabolicamente reduzidas são diplomadas... no aviário.
J Francisco Saraiva de Sousa
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