Internet Sex Addiction e/ou Demarginalizing the Sexual Self?
Maurice Duverger (1977) escreveu, no seu clássico livro sobre política, que «a própria essência da política, a sua natureza, o seu verdadeiro significado, é ser sempre, e em todo o lado, ambivalente. A imagem de Jano, o deus de duas faces, é a verdadeira representação do Estado: exprime a mais profunda realidade política» - simultaneamente luta e integração.
A imagem de Jano também é a verdadeira representação da Internet: uma face positiva e uma face escura. Mas nenhuma delas tomada isoladamente, como modelo teórico, é uma boa via de acesso à compreensão dos usos, em particular sexuais, da Internet.
A minha pesquisa interactiva mostrou claramente que a Internet permite uma melhor expressão da Identidade, sobretudo daqueles utentes que são socialmente marginalizados e excluídos e para os quais a iniciativa presidencial permanece fechada, como se a exclusão social fosse actualmente um assunto de pobreza ou de envelhecimento. Os excluídos tendem depois da selfdisclosure online a tornar efectiva essa identidade assumida online. Aliás, qualquer pessoa sente e sabe que o seu «verdadeiro self» é melhor expresso online do que offline, devido aos Triple A Engine: accessibility, affordability and anonymity.
Por isso, e a título de reparo de algumas posições defendidas no meu trabalho "O Eu e a Experiência Mediada", estou actualmente mais receptivo aos modelos relacionais do self e, com base neles, prefiro acentuar o lado positivo da Internet na organização auto-reflexiva do self do que o seu lado escuro, associado à Internet sex addiction, à pornografia infantil, à pedofilia ou mesmo ao canibalismo erótico (o caso alemão).
(Em Portugal, abusa-se de alguns cérebros internacionais supostos ser de fácil acesso: um deles é Carl R. Rogers. Este «humanista» não pode ser lido levianamente como sucede por esses departamentos pseudo-universitários. Ele é um dos pais do modelo relacional do Self e não se presta a luso-abusos religiosos)
J Francisco Saraiva de Sousa
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