domingo, 8 de julho de 2007

A INTENCIONALIDADE DO MAL E HOMOFOBIA REPENSADA

Notas para uma pesquisa
Sem querer entrar na polémica sobre a maldade humana e tomar partido ou pela tese do mal radical (Kant) ou pela tese da banalidade do mal (Arendt), pretendo apenas lançar o conceito de intencionalidade da maldade, para o qual posso fornecer evidência empírica.
Em Portugal, existem pessoas que prejudicam intencionalmente outras pessoas e, em muitos casos, estes comportamentos maldosos podem matar em vida as «vítimas» ou os «cadáveres vivos», no sentido de Arendt. Aliás, as pseudo-elites nacionais conhecem bem este tipo de maldade. Este procedimento é sistematicamente utilizado quando alguém julgando que tem poder liquida aqueles cuja mera existência os ameaça.
Investigo os comportamentos sexuais há cerca de 16 anos e só muito recentemente tomei consciência de que a análise dos judeus nos campos de concentração realizada por Hannah Arendt pode ser aplicada ao estudo da homofobia (Weinberg). De facto, o heterosexismo é um regime de terror total e, como mortificação dos não-heterossexuais, mata a pessoa jurídica, a pessoa moral e a pessoa psicológica. Uma morte permanente em vida, levada a cabo em nome de princípios cristãos, como se a Bíblia contivesse conceitos transculturais. (Pensamento terrível: as pseudo-elites simpatizam com as Obras de Deus!)
Basta pensar que os não-heterossexuais são sexualmente abusados na infância e vida adulta, são maltratados e negligenciados pela família, vizinhos e colegas de escola, são alvos de violência doméstica e de despedimento... e nada acontece no país. A democracia e o Estado não os apoiam: as instituições tratam-nos como se fossem «pessoas sem pessoalidade» e interpelam-nos como se fossem heterossexuais. Muitos pseudo-heterossexuais homofóbicos são cúmplices neste processo de mortificação em vida dos não-heterossexuais, embora tenham casos nas estações de serviço ou noutros lugares do género. Contudo, fala-se muito de exclusão e de inclusão sociais, mas, face à realidade, essa conversa é hipócrita e visa mais iludir do que resolver as realidades correspondentes aos conceitos. Isto é claramente terrorismo ideológico.
Paradoxalmente as «vítimas» deveriam estar agressivas e exibir essa agressividade, como mostram os neuro-estudos de exclusão social, mas, em vez disso, estão resignadas e deprimidas, continuando a frequentar os lugares escuros em busca compulsiva de parceiros sexuais. Nestes lugares reais e/ou virtuais, os opressores confraternizam com os oprimidos sexuais. Afinal, todos são não-heterossexuais, uns mais avançados do que outros no processo de coming out.
Portugal é assim: infinitamente cinzento e falso.
JFSSousa

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